Atibaia é um município não tão longe de Campinas, no estado de São Paulo, provavelmente mais conhecido pela anual Festa dos Morangos e das Flores, ou mesmo pelo grande monumento da Pedra Grande.

Fui para lá em Setembro de 2018 pra conhecer estas duas atrações e a cidade em si, já que nunca havia estado lá. Estava esperando uma cidade pequena, sem muita estrutura, e me surpreendi ao ver a quantidade e variedade de estabelecimentos como restaurantes e barezinhos que a cidade possui.

A viagem era pra ser de um dia só, e já tinha roteiro pré-definido, então acabei não visitando nada além do que já estava programado, apesar de ter ficado com vontade de ir em diversos lugares que vi lá.

Fui com um amigo, preparada para fazer uma das trilhas que leva a Pedra Grande na parte da manhã, e voltar a tempo de ir almoçar na Festa do Morango e das Flores.

O caminho até a Pedra Grande



Pra chegar até a Pedra Grande, tem duas opções: É possível ir de carro por uma estrada de terra e estacionar já praticamente em cima da pedra, ou subir andando pelo outro lado da montanha, em alguma das trilhas disponíveis. O acesso às trilhas é através do Condomínio Arco Íris, onde você precisa somente informar seu nome e documento pra entrar, a entrada é gratuita.

Na portaria do condomínio, eles fornecem um mapa e ajudam a indicar como chegar até a pequena estrada de terra onde começam as trilhas.

Fiz uma pesquisa sobre as trilhas e procurei blogs com relatos de pessoas que já tivessem feito alguma das trilhas pra saber o que esperar. Encontrei fotos de uma placa que indicava a existência de 3 trilhas:


  • Trilha da minha Deusa, 2.5 Km, de nível médio;
  • Trilha da Mangueira, 2.9 Km, de nível médio a difícil; 
  • Trilha dos Monges, 2.7 Km, de nível médio a difícil.

Começamos a caminhada por volta das 10hrs da manhã, levando como mantimentos 2 garrafas d'água 2 bananas e um pacote de biscoitos. Estava um pouco frio cedo, mas fomos com roupas leves para a caminhada, pois sabíamos que depois iria esquentar. 

A ideia era pegar a trilha de nível médio (a mais fácil de todas). No início perguntamos a algumas pessoas a respeito das trilhas, como era o caminho, afinal eu nunca cheguei a encontrar a placa de madeira indicando as direções que eu havia visto em alguns blogs. Parecia que todos estavam ali pela primeira vez, mas alguns arriscavam dar palpite dizendo que era só seguir reto.

Como em muitas partes do trajeto, o caminho era íngreme, frequentemente tínhamos que parar para descansar (e principalmente respirar). Com isso, logo as pessoas que haviam iniciado a trilha conosco foram se dispersando, e passamos a seguir o trajeto sozinhos. Alguns nem terminaram a trilha, só foram até certo ponto, pra sentar em alguma das pedras menores e admirar a paisagem.

Não demorou muito pra descobrirmos que "só seguir reto" não ia funcionar, logo que chegamos à primeira bifurcação. Pegamos a direita e de repente começamos a nos ver cercados de mata fechada, muitas árvores, e veio uma sensação de que não estávamos no "caminho certo". Decidimos então voltar e pegar a outra direção. Só sei que após 2 ou 3 bifurcações, paramos de nos preocupar com qual trilha nós realmente estávamos, afinal, era impossível saber e só iríamos demorar mais se ficássemos voltando pra seguir direções diferentes. A verdade é que não havia um "caminho certo", havia só a vontade de pegar o caminho "mais rápido".

Começamos a ir na intuição, escolhendo as trilhas que pareciam estar melhor definidas, e mais abertas e mais fáceis de caminhar. Mesmo assim nos deparamos com trechos em que estávamos completamente sozinhos, embaixo de pedras, sem conseguir ver quanto faltava. Tivemos que escalar pedras com musgo, morrendo de medo de escorregar e cair. Passamos por muita lama - afinal tinha chovido no dia anterior - e o último grande desafio foi ter que escalar uma pedra muito íngreme, sem nenhum tipo de equipamento. Tiramos os tênis pra ajudar a firmar os pés melhor na pedra, e finalmente conseguimos subir sem nenhum arranhão.

Por algum motivo, eu achei que em 40 minutos estaria no topo da Pedra Grande (talvez eu tenha lido por aí em algum blog), mas errei feio, foram 2 horas e meia de caminhada e muito sofrimento até finalmente chegarmos lá.

Pra quem nunca havia feito uma trilha na vida, foi uma aventura e tanto! Mas ao invés de ficar assustada com a dificuldade, na verdade fiquei com vontade de ter mais viagens assim. O processo da subida é praticamente uma aprendizagem, pois é difícil - pra quem é iniciante - e principalmente pelo fato de estarmos fazendo tudo sem um guia, o trabalho de chegar lá era todo nosso. Haviam momentos de muita incerteza, pois eu não fazia ideia de onde estava, ou quando tempo faltava pra chegar lá, ou mesmo se eu ia chegar a algum lugar. Então eu tinha que confiar em mim mesma, me manter calma e acreditar que eu ia conseguir. No final, é uma conquista que você tem, aquela sensação de "Nossa, eu fiz mesmo, fiz isso sozinha".

 Sem falar que ver a vista lá de cima se torna muito mais significativo quando você tem que "batalhar" pra chegar lá. De repente, subir de carro soa como "trapacear". 









Bom... uma vez na Pedra Grande, olhamos no relógio e já eram 12:30hrs. Estávamos famintos, com o estoque de comida e água praticamente encerrados, e já super cansados, sem condições de voltar. Aí não teve jeito, a solução foi pedir carona pra descer. Encontrei uma família que estava indo embora, e eles foram muito legais em nos dar carona.

Foi só quando já estava dentro do carro que me dei conta que nossas motos estavam estacionadas dentro do condomínio, basicamente DO OUTRO LADO da montanha, e a cerca de 32 Km de onde estávamos naquele momento. Foi uma grande sorte eles também estarem indo pra Atibaia e ter nos dados carona pra boa parte do trajeto. Nos deixaram dentro da cidade, e de lá pegamos um Uber até o condomínio. Então #partiuFesta! Afinal, estávamos famintos.


Festa dos Morangos e das Flores de Atibaia




Já eram quase 14hrs quando finalmente chegamos no local da Festa, no Parque Municipal Edmundo Zanoni. O lugar é muito bonito, tem um lago onde é possível passear de pedalinho, além de uma pequena ponte e torre feitas de pedras. Rapidamente compramos as entradas, que estavam sendo vendidas na hora por R$ 34,00.

Como chegamos com um único objetivo - comer - e exaustos da trilha, o nosso tempo da festa se resumiu a comer e sentar no gramado, embaixo da sombra das árvores, e ficar observando o lugar e e as pessoas ao redor.

Naquele dia, haviam diversas caravanas ou excursões, e embora não havia fila na entrada, havia fila em diversos outros lugares, pra comprar comida, e o pior de tudo, pra ir ao banheiro. Quando fui, precisei enfrentar uma fila de no mínimo 30 minutos.

Em resumo, a festa é uma mistura de flores, comida japonesa/chinesa, e muita sobremesa deliciosa envolvendo morango. Tinha coisas bem diferentes, como pastel de morango, coxinha de morango, bem como coisas tradicionais, como pamonha, creme de milho, espetinho, lanches, entre outros. 

Também havia um palco montado onde - de acordo com a programação - frequentemente haviam apresentações, mas eu não fiquei por perto para ver nenhuma. Somente na saída vi uma área inteira lotada de barraquinhas de artesanato pelas quais eu não havia passado, mas quem sabe foi até melhor, assim economizei ;)

Saí de Atibaia com um gostinho de "quero mais", pois achei a cidade de modo geral muito bonita, e quero um dia voltar na festa com mais tempo pra aproveitar. Também fiquei curiosa em tentar fazer as outras trilhas da Pedra Grande, pegar caminhos diferentes, e me desafiar novamente. Quem sabe eu aproveito a festa ano que vem e repito a dose!























Dicas


Pra quem está pensando em fazer visitar a Pedra Grande e fazer alguma das trilhas, aí vão algumas dicas que aprendi com minha experiência:

  • Leve BASTANTE água. Eu havia levado somente duas garrafas e meu amigo nenhuma, pois achou que poderia comprar água lá (nem preciso dizer que ele se enganou, né?!).
  • Carregue só o necessário. Eu fui de mochila, mas tentei deixar a menor quantidade de coisas possíveis nela. Eu já havia lido essa dica em outro blog, se você levar muita coisa, vai se arrepender com o peso.
  • Leve comida, mas comida mesmo! Não apenas duas bananas e uns biscoitinhos, como fizemos nós. Em algum ponto vi um casal sentando em uma pedra pra comer vários lanchinhos naturais que eles tinham levado e morri de inveja.
  • Vá cedo. Eu saí de casa bem cedo planejando começar a trilha no máximo 9hrs da manhã, mas atrasamos devido a alguns contratempos no caminho, e começamos 1h mais tarde do que planejado. Se fosse hoje, eu tentaria estar lá pra começar as 8hrs da manhã.
  • Use roupa confortável, e um tênis confortável e que não derrape. Você pode precisar de firmeza nos pés ao passar por alguns trechos da trilha.
  • Use bastante filtro solar. Eu usei e mesmo assim, esqueci de passar em algumas regiões e acabei com o pescoço queimado no dia seguinte.
  • E por último, vá preparado para se sujar, se você chegou lá em cima limpinho, é porque não aproveitou a aventura direito xD